sexta-feira, 26 de julho de 2013

Manifesto das Regras de Negócio

Os princípios da independência da regra

por Business Rules Group

Artigo 1. Requisitos como elementos principais, nunca secundários
1.1. As regras são um cidadão de primeira classe no mundo dos requisitos.
1.2. As regras são essenciais para os modelos de negócio e para os modelos de tecnologia, sendo uma parte separada e específica dos mesmos.

Artigo 2. Independentes dos processos, não contidas neles
2.1. As regras são restrições explícitas de comportamento e/ou proporcionam suporte ao comportamento.
2.2. As regras não são processos nem procedimentos, pelo que não devem estar contidas em nenhum deles.
2.3. As regras aplicam-se transversalmente a processos e procedimentos. Deve existir um corpo coeso de regras, que se aplique de forma consistente a todas as áreas relevantes de atividade de negócio.

Artigo 3. Conhecimento explícito, não um sub-produto
3.1. As regras constroem-se sobre fatos, e os fatos sobre conceitos que são expressos por termos.
3.2. Os termos expressam conceitos de negócio; os fatos constituem asserções sobre estes conceitos; as regras restringem e suportam estes fatos.
3.3. As regras devem ser explícitas. Nunca se deve assumir nenhuma regra sobre nenhum conceito ou nenhum fato.
3.4. As regras são os fundamentos que definem o que o negócio sabe de si mesmo – isto é, são o conhecimento base do negócio.
3.5. As regras necessitam de ser alimentadas, protegidas e geridas.

Artigo 4. Declarativas, não procedimentais
4.1. As regras devem ser expressas de forma declarativa em frases de linguagem natural, perceptíveis pela audiência conhecedora do negócio em causa.
4.2. Se algo não pode ser expresso, então não é uma regra.
4.3. Um conjunto de enunciados só é declarativo se não contém uma sequência implícita.
4.4. Todo o enunciado de regras que precise de outros elementos para além de termos ou fatos, requere assunções sobre uma implementação de sistema.
4.5. Uma regra é distinta de qualquer medida definida para o seu cumprimento. A regra e a forma do seu cumprimento são questões distintas.
4.6. As regras devem definir-se independentemente de quem é responsável pelo
seu cumprimento, e de onde, quando e como se fazem cumprir.
4.7. As exceções às regras são expressas por outras regras.

Artigo 5. Expressões bem formadas,não Ad Hoc
5.1. As regras de negócio devem ser expressas de forma a que os especialistas do negócio possam validar a sua correção.
5.2. As regras de negócio devem ser expressas de forma a permitir verificar reciprocamente a sua consistência.
5.3. As lógicas formais, como a lógica de predicados, são fundamentais para a expressão formal, bem formada, das regras em termos de negócio, assim como para as tecnologias que implementam estas regras.

Artigo 6. Arquitetura baseada em regras, não uma implementação indireta
6.1. Um sistema baseado em regras de negócio é construído intencionalmente para permitir a mudança constante das regras de negócio. A plataforma sobre a qual o sistema é executado deve suportar esta evolução contínua.
6.2. Executar diretamente as regras – por exemplo através de motores de regras – é uma estratégia de implementação melhor que transcrevê-las de forma procedimental.
6.3. Um sistema de regras de negócio deve ser sempre capaz de explicar as razões pelas quais chega a uma conclusão ou toma uma ação.
6.4. As regras baseiam-se em valores de verdade. A forma como se determina ou mantém o valor de verdade de uma regra é mantida oculta dos usuários.
6.5. A relação entre eventos e regras é geralmente de muitos-para-muitos.

Artigo 7. Processos orientados às regras, não programação baseada em exceções
7.1. As regras definem a fronteira entre uma atividade de negócio aceitável e não aceitável.
7.2. As regras requerem frequentemente um tratamento especial ou seletivo das violações detectadas. Qualquer atividade derivada da violação de uma regra constitui uma atividade como qualquer outra.
7.3. Para assegurar a consistência e a reutilização máxima, o tratamento de atividades de negócio não aceitáveis deve separar-se do tratamento das atividades de negócio aceitáveis.

Artigo 8. Ao serviço do negócio, não da tecnologia
8.1. As regras tratam de práticas e orientações do negócio; portanto, as regras são motivadas pelas metas e os objetivos de negócio, e são moldadas por diversas influências.
8.2. As regras implicam sempre um custo para o negócio.
8.3. O custo da aplicação das regras deve ser valorizado e balanceado, tendo em consideração os riscos assumidos pelo negócio, e as oportunidades perdidas no caso de não as aplicar.
8.4. “Mais regras” não é necessariamente melhor. Normalmente é preferível ter poucas mas “boas regras”.
8.5. Um sistema eficaz pode basear-se num número pequeno de regras. Posteriormente,podem adicionar-se regras mais específicas de forma que ao longo do tempo o sistema se torne mais inteligente.


Artigo 9.“De, por e para” as pessoas do negócio, e não “de, por e para” as pessoas de TI
9.1. As regras devem provir das pessoas conhecedoras do negócio.
9.2. Os especialistas do negócio devem dispor de ferramentas que os auxiliem a formular, validar e gerir regras.
9.3. Os especialistas de negócio devem dispor de ferramentas que os ajudem a verificar consistência recíproca entre regras de negócio.

Artigo 10. Gerir lógica de negócio, não plataformas de Hardware/Software
10.1. As regras de negócio são um ativo vital do negócio.
10.2. A longo prazo, as regras são mais importantes para o negócio que as plataformas de Hardware/Software.
10.3. As regras de negócio devem ser organizadas e armazenadas de forma que possam ser facilmente redistribuídas para novas plataformas de Hardware/Software.
10.4. As regras, e a capacidade de as alterar de forma eficaz, são fatores chave para melhorar a adaptabilidade do negócio.

Fonte: Copyright, 2003. Business Rules Group. Versão 2.0, Novembro 1, 2003. Editado por Ronald G. Ross.
www.BusinessRulesGroup.org

terça-feira, 26 de março de 2013

Cresce a demanda por profissionais de TI com visão de negócios

Ter conhecimento do negócio facilita a conversa com o gestor e a administração de projetos

 O número de empresas que planeja contratar profissionais de tecnologia continua crescendo. É o que revela a pesquisa Previsões para 2013, realizada pela COMPUTERWORLD nos Estados Unidos, com 334 executivos de TI.  Mais de 30% deles (33%) disseram que planejam aumentar seus quadros nos próximos 12 meses. Este é o terceiro ano consecutivo que a percentagem de respondentes com planos de contratação aumenta. Em 2012, o incremento foi de 29%, 23% em 2010 e 20% em 2009. Todos comparados aos anos anteriores.
O mercado está aquecido também no Brasil, em razão da expansão de muitas empresas, especialmente impulsionada pela proximidade dos megaeventos esportivos que serão sediados em solo nacional [Mundial de futebol e Olimpíadas]. Cenário, portanto, favorável para quem busca uma oportunidade. Mas as chances não são para todos. É necessário ter as habilidades corretas, que estão na mira de CIOs e executivos de TI. 
Segundo Mariana Horno, gerente sênior da divisão de Legal, RH e TI, da Robert Half no Brasil, consultoria especializada no recrutamento de talentos, por aqui os profissionais de TI devem apresentar conhecimento técnico aprofundado e certificações correlatas a esse conhecimento específico.
“Além disso, o perfil comportamental tem sido importantíssimo. É necessário, na maior parte das vezes, boa comunicação, ser mão na massa e dedicado”, garante. A executiva diz perceber atualmente uma movimentação corriqueira, demandando profissionais no segmento de meios de pagamento, e-commerce e indústria farmacêutica.
“O primeiro trimestre do ano costuma ser mais moroso no processo de contratação, por conta das férias de verão e do Carnaval. Porém, é bom buscar oportunidades e a possibilidade de conseguir um emprego é alta”, relata, acrescentando que é preciso ter paciência, pois pode ser que o tempo de processo demore um pouco mais por conta do número reduzido de dias úteis no período.
“Hoje, temos, em média, entre 20 e 25 vagas de TI por mês. Esse número é um pouco variável, pois há algumas em andamento e outras que chegam durante a semana”, avisa.
De acordo com Cristiani Martins, diretora comercial da Atlantic Solutions, consultoria da área de TI, percebe-se hoje forte demanda por profissionais especializados em web. “Os chamados desenvolvedores Java cloud estão em alta”, afirma e destaca que para o crescimento na carreira, hoje é necessário ter capacidade para gerenciar projetos, conhecimento de processos (ITIL) e, especialmente, visão de negócios. “Treinamos muitos profissionais e eles costumam buscar especialização em governança de TI e em Java Mobile.” 
“Quando você olha para qualquer tendência de pesquisa ou de mercado, TI é sempre um dos dois primeiros ou três tópicos mencionados como ponto brilhante no mercado de trabalho, e é muito simples o motivo”, diz John Reed, gerente-executivo sênior da Robert Half nos Estados Unidos. Segundo ele, é porque ela define os rumos da empresa, visto que melhora a produtividade e acelera a realização de melhores decisões de negócios. “Portanto, as empresas estão investindo nisso, e você tem de ter pessoas experientes nessa tarefa”, recomenda.
Para o diretor de TI do Grupo Fleury, Claudio Laudeauzer, quando se fala em habilidades de profissionais de TI no grupo, leva-se muito em conta a paixão pelo que faz, trabalho em equipe, simplicidade de ações, criatividade e visão ampliada.
“Damos preferência a quem possui MBA, porque tem visão focada em business. Além da técnica, teve a oportunidade de trocar ideias e experiências com os colegas”, destaca. “Aqui, a tecnologia não é por tecnologia.”
Laudeauzer diz que, no atual mundo digital, são necessários profissionais antenados com tendências como aplicativos móveis e mídias sociais, que tragam oportunidades para o Fleury. “O mundo está mudando e precisamos fazer o melhor para o cliente e surpreendê-lo.”
O Grupo Fleury planeja fortalecer a equipe em 2013 e conhecimentos em mobilidade e segurança da informação são algumas das exigências. “Mas teremos de treinar esses colaboradores para o novo cenário, contudo, dentro da corporação. Não adianta impor regras, temos de educar”, ensina. E alerta: “Temos de transmitir a paixão pelo trabalho. O ambiente estará seguro com a conscientização.”
Para as contratações no próximo ano, o executivo diz que as competências técnicas vão depender das necessidades internas, mas existe demanda para profissionais especializados em BI, BA, CRM, e tudo o que aprimore o relacionamento com o cliente. “É preciso ter capacidade de transformar dados em informação. Em qualquer tipo de negócio.”
O momento na Spaipa, fabricante e distribuidora Coca-Cola, também é de crescimento. Por isso, há busca por talentos, segundo Claudio Antonio Fontes, Cio da companhia.
“O perfil técnico passa por algumas áreas. Mas recrutamos profissionais especializados em diferentes tecnologias para bancos de dados e ERP, por exemplo. Isso porque a ideia é abrimos o leque para conhecimento em outras plataformas, incluindo sistemas operacionais”, revela.
Fontes destaca que o profissional deve ter formação técnica muito forte e conhecimento profundo nos diversos níveis. “De júnior a sênior, tem de ser bom no escopo que ocupa, compondo as habilidades necessárias para cada uma das funções”, diz.
Inglês e espanhol são requisitos padrão no setor, segundo Fontes. “Alguns colegas já pedem também o alemão”, relata, acrescentando que preferencialmente busca candidatos em polos de formação como universidades federais e estaduais e particulares de maior reconhecimento nacional.
“Estamos de olho no profissional disposto a fazer trabalhos colaborativos. Quanto mais ele estiver preocupado com o outro, nos interessa bastante”, revela, brincando que está à procura dos “arquitetos” de “alguma coisa”. “Virou a palavra da moda.” 
Ele afirma que busca perfis que se alinhem aos projetos eletrônicos da empresa, que envolvem portabilidade ou mobilidade. “Eles têm de ter conhecimento de processos, um mix de analista funcional, com conhecimento técnico e das ferramentas aplicáveis a eles, para facilitar as tomadas de decisão, além de capacidade para gerenciar projetos”, aponta. “E, claro, com visão de negócios.”
Com estratégia diferenciada e de tradição, o Bradesco colhe seus frutos na Fundação Bradesco, sintetiza Aurélio Boni, vice-presidente-executivo de TI do Bradesco. “Nosso sistema de carreira é bem fechado e a fundação forma nossos profissionais.”
Segundo ele, a unidade recebe não somente parentes dos funcionários do banco, mas também reserva uma parte para o público externo. “Lá, é possível começar bem cedo. Meus dois filhos ingressaram na Fundação com quatro anos de idade, formaram-se e tiveram a oportunidade de trabalhar na instituição”, conta.
Boni afirma que o perfil que o Bradesco quer hoje de seus profissionais da área de TI é bastante moderno e reúne habilidades que possibilitem perfeito entendimento e desenvolvimento em um mundo dependente de aplicativos móveis. “Porque essas tecnologias são facilitadoras de atendimento ao cliente. Hoje, são uma exigência”, alerta.
Ele engrossa o coro unânime dos CIOs sobre a visão de negócios, que considera vital no atual cenário. “E isso não se aprende da noite para o dia. Ter conhecimento do negócio facilita a conversa com o gestor, fica mais fácil até mesmo direcionar os projetos”, relata.
Ele revela que com essa habilidade, é possível o gestor endereçar cada tipo de projeto para um profissional específico. “Promove mais segurança ao chefe da equipe, na certeza de que o trabalho será entregue. Gera confiança. É preciso ainda trabalhar em colaboração e, fundamentalmente, ter visão globalizada e muito clara do negócio”, categoriza.
Para Tania Nossa, CIO da Alcoa, atuante na área de minério de ferro, a empresa busca nos profissionais características como pensamento ilimitado, preferência pelo risco, inovação, determinação, capacidade de aprendizado, orientação para mudanças, foco em resultados e entusiasmo pelo trabalho. “E, além disso, saber compartilhar dos valores da Alcoa”, destaca a executiva que também se prepara para os novos desafios que surgirão com a chegada do novo ano e a prática de tudo o que está planejado para acontecer.

Fonte: CIO