terça-feira, 26 de março de 2013

Cresce a demanda por profissionais de TI com visão de negócios

Ter conhecimento do negócio facilita a conversa com o gestor e a administração de projetos

 O número de empresas que planeja contratar profissionais de tecnologia continua crescendo. É o que revela a pesquisa Previsões para 2013, realizada pela COMPUTERWORLD nos Estados Unidos, com 334 executivos de TI.  Mais de 30% deles (33%) disseram que planejam aumentar seus quadros nos próximos 12 meses. Este é o terceiro ano consecutivo que a percentagem de respondentes com planos de contratação aumenta. Em 2012, o incremento foi de 29%, 23% em 2010 e 20% em 2009. Todos comparados aos anos anteriores.
O mercado está aquecido também no Brasil, em razão da expansão de muitas empresas, especialmente impulsionada pela proximidade dos megaeventos esportivos que serão sediados em solo nacional [Mundial de futebol e Olimpíadas]. Cenário, portanto, favorável para quem busca uma oportunidade. Mas as chances não são para todos. É necessário ter as habilidades corretas, que estão na mira de CIOs e executivos de TI. 
Segundo Mariana Horno, gerente sênior da divisão de Legal, RH e TI, da Robert Half no Brasil, consultoria especializada no recrutamento de talentos, por aqui os profissionais de TI devem apresentar conhecimento técnico aprofundado e certificações correlatas a esse conhecimento específico.
“Além disso, o perfil comportamental tem sido importantíssimo. É necessário, na maior parte das vezes, boa comunicação, ser mão na massa e dedicado”, garante. A executiva diz perceber atualmente uma movimentação corriqueira, demandando profissionais no segmento de meios de pagamento, e-commerce e indústria farmacêutica.
“O primeiro trimestre do ano costuma ser mais moroso no processo de contratação, por conta das férias de verão e do Carnaval. Porém, é bom buscar oportunidades e a possibilidade de conseguir um emprego é alta”, relata, acrescentando que é preciso ter paciência, pois pode ser que o tempo de processo demore um pouco mais por conta do número reduzido de dias úteis no período.
“Hoje, temos, em média, entre 20 e 25 vagas de TI por mês. Esse número é um pouco variável, pois há algumas em andamento e outras que chegam durante a semana”, avisa.
De acordo com Cristiani Martins, diretora comercial da Atlantic Solutions, consultoria da área de TI, percebe-se hoje forte demanda por profissionais especializados em web. “Os chamados desenvolvedores Java cloud estão em alta”, afirma e destaca que para o crescimento na carreira, hoje é necessário ter capacidade para gerenciar projetos, conhecimento de processos (ITIL) e, especialmente, visão de negócios. “Treinamos muitos profissionais e eles costumam buscar especialização em governança de TI e em Java Mobile.” 
“Quando você olha para qualquer tendência de pesquisa ou de mercado, TI é sempre um dos dois primeiros ou três tópicos mencionados como ponto brilhante no mercado de trabalho, e é muito simples o motivo”, diz John Reed, gerente-executivo sênior da Robert Half nos Estados Unidos. Segundo ele, é porque ela define os rumos da empresa, visto que melhora a produtividade e acelera a realização de melhores decisões de negócios. “Portanto, as empresas estão investindo nisso, e você tem de ter pessoas experientes nessa tarefa”, recomenda.
Para o diretor de TI do Grupo Fleury, Claudio Laudeauzer, quando se fala em habilidades de profissionais de TI no grupo, leva-se muito em conta a paixão pelo que faz, trabalho em equipe, simplicidade de ações, criatividade e visão ampliada.
“Damos preferência a quem possui MBA, porque tem visão focada em business. Além da técnica, teve a oportunidade de trocar ideias e experiências com os colegas”, destaca. “Aqui, a tecnologia não é por tecnologia.”
Laudeauzer diz que, no atual mundo digital, são necessários profissionais antenados com tendências como aplicativos móveis e mídias sociais, que tragam oportunidades para o Fleury. “O mundo está mudando e precisamos fazer o melhor para o cliente e surpreendê-lo.”
O Grupo Fleury planeja fortalecer a equipe em 2013 e conhecimentos em mobilidade e segurança da informação são algumas das exigências. “Mas teremos de treinar esses colaboradores para o novo cenário, contudo, dentro da corporação. Não adianta impor regras, temos de educar”, ensina. E alerta: “Temos de transmitir a paixão pelo trabalho. O ambiente estará seguro com a conscientização.”
Para as contratações no próximo ano, o executivo diz que as competências técnicas vão depender das necessidades internas, mas existe demanda para profissionais especializados em BI, BA, CRM, e tudo o que aprimore o relacionamento com o cliente. “É preciso ter capacidade de transformar dados em informação. Em qualquer tipo de negócio.”
O momento na Spaipa, fabricante e distribuidora Coca-Cola, também é de crescimento. Por isso, há busca por talentos, segundo Claudio Antonio Fontes, Cio da companhia.
“O perfil técnico passa por algumas áreas. Mas recrutamos profissionais especializados em diferentes tecnologias para bancos de dados e ERP, por exemplo. Isso porque a ideia é abrimos o leque para conhecimento em outras plataformas, incluindo sistemas operacionais”, revela.
Fontes destaca que o profissional deve ter formação técnica muito forte e conhecimento profundo nos diversos níveis. “De júnior a sênior, tem de ser bom no escopo que ocupa, compondo as habilidades necessárias para cada uma das funções”, diz.
Inglês e espanhol são requisitos padrão no setor, segundo Fontes. “Alguns colegas já pedem também o alemão”, relata, acrescentando que preferencialmente busca candidatos em polos de formação como universidades federais e estaduais e particulares de maior reconhecimento nacional.
“Estamos de olho no profissional disposto a fazer trabalhos colaborativos. Quanto mais ele estiver preocupado com o outro, nos interessa bastante”, revela, brincando que está à procura dos “arquitetos” de “alguma coisa”. “Virou a palavra da moda.” 
Ele afirma que busca perfis que se alinhem aos projetos eletrônicos da empresa, que envolvem portabilidade ou mobilidade. “Eles têm de ter conhecimento de processos, um mix de analista funcional, com conhecimento técnico e das ferramentas aplicáveis a eles, para facilitar as tomadas de decisão, além de capacidade para gerenciar projetos”, aponta. “E, claro, com visão de negócios.”
Com estratégia diferenciada e de tradição, o Bradesco colhe seus frutos na Fundação Bradesco, sintetiza Aurélio Boni, vice-presidente-executivo de TI do Bradesco. “Nosso sistema de carreira é bem fechado e a fundação forma nossos profissionais.”
Segundo ele, a unidade recebe não somente parentes dos funcionários do banco, mas também reserva uma parte para o público externo. “Lá, é possível começar bem cedo. Meus dois filhos ingressaram na Fundação com quatro anos de idade, formaram-se e tiveram a oportunidade de trabalhar na instituição”, conta.
Boni afirma que o perfil que o Bradesco quer hoje de seus profissionais da área de TI é bastante moderno e reúne habilidades que possibilitem perfeito entendimento e desenvolvimento em um mundo dependente de aplicativos móveis. “Porque essas tecnologias são facilitadoras de atendimento ao cliente. Hoje, são uma exigência”, alerta.
Ele engrossa o coro unânime dos CIOs sobre a visão de negócios, que considera vital no atual cenário. “E isso não se aprende da noite para o dia. Ter conhecimento do negócio facilita a conversa com o gestor, fica mais fácil até mesmo direcionar os projetos”, relata.
Ele revela que com essa habilidade, é possível o gestor endereçar cada tipo de projeto para um profissional específico. “Promove mais segurança ao chefe da equipe, na certeza de que o trabalho será entregue. Gera confiança. É preciso ainda trabalhar em colaboração e, fundamentalmente, ter visão globalizada e muito clara do negócio”, categoriza.
Para Tania Nossa, CIO da Alcoa, atuante na área de minério de ferro, a empresa busca nos profissionais características como pensamento ilimitado, preferência pelo risco, inovação, determinação, capacidade de aprendizado, orientação para mudanças, foco em resultados e entusiasmo pelo trabalho. “E, além disso, saber compartilhar dos valores da Alcoa”, destaca a executiva que também se prepara para os novos desafios que surgirão com a chegada do novo ano e a prática de tudo o que está planejado para acontecer.

Fonte: CIO