Ter conhecimento do negócio facilita a conversa com o gestor e a administração de projetos
O número de empresas que planeja contratar profissionais de
tecnologia continua crescendo. É o que revela a pesquisa Previsões para
2013, realizada pela COMPUTERWORLD nos Estados Unidos, com 334
executivos de TI. Mais de 30% deles (33%) disseram que planejam
aumentar seus quadros nos próximos 12 meses. Este é o terceiro ano
consecutivo que a percentagem de respondentes com planos de contratação
aumenta. Em 2012, o incremento foi de 29%, 23% em 2010 e 20% em 2009.
Todos comparados aos anos anteriores.
O mercado está aquecido também no Brasil, em razão da expansão de
muitas empresas, especialmente impulsionada pela proximidade dos
megaeventos esportivos que serão sediados em solo nacional [Mundial de
futebol e Olimpíadas]. Cenário, portanto, favorável para quem busca uma
oportunidade. Mas as chances não são para todos. É necessário ter as
habilidades corretas, que estão na mira de CIOs e executivos de TI.
Segundo Mariana Horno, gerente sênior da divisão de Legal, RH e TI,
da Robert Half no Brasil, consultoria especializada no recrutamento de
talentos, por aqui os profissionais de TI devem apresentar conhecimento
técnico aprofundado e certificações correlatas a esse conhecimento
específico.
“Além disso, o perfil comportamental tem sido importantíssimo. É
necessário, na maior parte das vezes, boa comunicação, ser mão na massa e
dedicado”, garante. A executiva diz perceber atualmente uma
movimentação corriqueira, demandando profissionais no segmento de meios
de pagamento, e-commerce e indústria farmacêutica.
“O primeiro trimestre do ano costuma ser mais moroso no processo de
contratação, por conta das férias de verão e do Carnaval. Porém, é bom
buscar oportunidades e a possibilidade de conseguir um emprego é alta”,
relata, acrescentando que é preciso ter paciência, pois pode ser que o
tempo de processo demore um pouco mais por conta do número reduzido de
dias úteis no período.
“Hoje, temos, em média, entre 20 e 25 vagas de TI por mês. Esse
número é um pouco variável, pois há algumas em andamento e outras que
chegam durante a semana”, avisa.
De acordo com Cristiani Martins, diretora comercial da Atlantic
Solutions, consultoria da área de TI, percebe-se hoje forte demanda por
profissionais especializados em web. “Os chamados desenvolvedores Java
cloud estão em alta”, afirma e destaca que para o crescimento na
carreira, hoje é necessário ter capacidade para gerenciar projetos,
conhecimento de processos (ITIL) e, especialmente, visão de negócios.
“Treinamos muitos profissionais e eles costumam buscar especialização em
governança de TI e em Java Mobile.”
“Quando você olha para qualquer tendência de pesquisa ou de mercado,
TI é sempre um dos dois primeiros ou três tópicos mencionados como ponto
brilhante no mercado de trabalho, e é muito simples o motivo”, diz John
Reed, gerente-executivo sênior da Robert Half nos Estados Unidos.
Segundo ele, é porque ela define os rumos da empresa, visto que melhora a
produtividade e acelera a realização de melhores decisões de negócios.
“Portanto, as empresas estão investindo nisso, e você tem de ter pessoas
experientes nessa tarefa”, recomenda.
Para o diretor de TI do Grupo Fleury, Claudio Laudeauzer, quando se
fala em habilidades de profissionais de TI no grupo, leva-se muito em
conta a paixão pelo que faz, trabalho em equipe, simplicidade de ações,
criatividade e visão ampliada.
“Damos preferência a quem possui MBA, porque tem visão focada em
business. Além da técnica, teve a oportunidade de trocar ideias e
experiências com os colegas”, destaca. “Aqui, a tecnologia não é por
tecnologia.”
Laudeauzer diz que, no atual mundo digital, são necessários
profissionais antenados com tendências como aplicativos móveis e mídias
sociais, que tragam oportunidades para o Fleury. “O mundo está mudando e
precisamos fazer o melhor para o cliente e surpreendê-lo.”
O Grupo Fleury planeja fortalecer a equipe em 2013 e conhecimentos em
mobilidade e segurança da informação são algumas das exigências. “Mas
teremos de treinar esses colaboradores para o novo cenário, contudo,
dentro da corporação. Não adianta impor regras, temos de educar”,
ensina. E alerta: “Temos de transmitir a paixão pelo trabalho. O
ambiente estará seguro com a conscientização.”
Para as contratações no próximo ano, o executivo diz que as
competências técnicas vão depender das necessidades internas, mas existe
demanda para profissionais especializados em BI, BA, CRM, e tudo o que
aprimore o relacionamento com o cliente. “É preciso ter capacidade de
transformar dados em informação. Em qualquer tipo de negócio.”
O momento na Spaipa, fabricante e distribuidora Coca-Cola, também é
de crescimento. Por isso, há busca por talentos, segundo Claudio Antonio
Fontes, Cio da companhia.
“O perfil técnico passa por algumas áreas. Mas recrutamos
profissionais especializados em diferentes tecnologias para bancos de
dados e ERP, por exemplo. Isso porque a ideia é abrimos o leque para
conhecimento em outras plataformas, incluindo sistemas operacionais”,
revela.
Fontes destaca que o profissional deve ter formação técnica muito
forte e conhecimento profundo nos diversos níveis. “De júnior a sênior,
tem de ser bom no escopo que ocupa, compondo as habilidades necessárias
para cada uma das funções”, diz.
Inglês e espanhol são requisitos padrão no setor, segundo Fontes.
“Alguns colegas já pedem também o alemão”, relata, acrescentando que
preferencialmente busca candidatos em polos de formação como
universidades federais e estaduais e particulares de maior
reconhecimento nacional.
“Estamos de olho no profissional disposto a fazer trabalhos
colaborativos. Quanto mais ele estiver preocupado com o outro, nos
interessa bastante”, revela, brincando que está à procura dos
“arquitetos” de “alguma coisa”. “Virou a palavra da moda.”
Ele afirma que busca perfis que se alinhem aos projetos eletrônicos
da empresa, que envolvem portabilidade ou mobilidade. “Eles têm de ter
conhecimento de processos, um mix de analista funcional, com
conhecimento técnico e das ferramentas aplicáveis a eles, para facilitar
as tomadas de decisão, além de capacidade para gerenciar projetos”,
aponta. “E, claro, com visão de negócios.”
Com estratégia diferenciada e de tradição, o Bradesco colhe seus
frutos na Fundação Bradesco, sintetiza Aurélio Boni,
vice-presidente-executivo de TI do Bradesco. “Nosso sistema de carreira é
bem fechado e a fundação forma nossos profissionais.”
Segundo ele, a unidade recebe não somente parentes dos funcionários
do banco, mas também reserva uma parte para o público externo. “Lá, é
possível começar bem cedo. Meus dois filhos ingressaram na Fundação com
quatro anos de idade, formaram-se e tiveram a oportunidade de trabalhar
na instituição”, conta.
Boni afirma que o perfil que o Bradesco quer hoje de seus
profissionais da área de TI é bastante moderno e reúne habilidades que
possibilitem perfeito entendimento e desenvolvimento em um mundo
dependente de aplicativos móveis. “Porque essas tecnologias são
facilitadoras de atendimento ao cliente. Hoje, são uma exigência”,
alerta.
Ele engrossa o coro unânime dos CIOs sobre a visão de negócios, que
considera vital no atual cenário. “E isso não se aprende da noite para o
dia. Ter conhecimento do negócio facilita a conversa com o gestor, fica
mais fácil até mesmo direcionar os projetos”, relata.
Ele revela que com essa habilidade, é possível o gestor endereçar
cada tipo de projeto para um profissional específico. “Promove mais
segurança ao chefe da equipe, na certeza de que o trabalho será
entregue. Gera confiança. É preciso ainda trabalhar em colaboração e,
fundamentalmente, ter visão globalizada e muito clara do negócio”,
categoriza.
Para Tania Nossa, CIO da Alcoa, atuante na área de minério de ferro, a
empresa busca nos profissionais características como pensamento
ilimitado, preferência pelo risco, inovação, determinação, capacidade de
aprendizado, orientação para mudanças, foco em resultados e entusiasmo
pelo trabalho. “E, além disso, saber compartilhar dos valores da Alcoa”,
destaca a executiva que também se prepara para os novos desafios que
surgirão com a chegada do novo ano e a prática de tudo o que está
planejado para acontecer.
Fonte: CIO